Em seu tradicional espetáculo pré-carnavalesco, a Mangueira reuniu na noite desta terça-feira, 14, no Vivo Rio, Chico Buarque, Maria Bethânia, Alcione, Elba Ramalho, Fafá de Belém, entre outros artistas, e evocou todos os santos e orixás, remetendo-se ao enredo que desfilará na segunda-feira de carnaval: “Só com a ajuda do santo”.
O repertório do “Show de verão da Mangueira”, realizado pela primeira vez há 20 carnavais para angariar fundos para o desfile, foi calcado em músicas que aludem à religiosidade do brasileiro – tal qual o samba-enredo da atual campeã do carnaval carioca.
O refrão deste levantou a plateia de cerca de três mil pessoas que lotaram a casa de shows, ainda que os ingressos custassem de R$ 160 a R$ 500: “O meu tambor tem axé, Mangueira/Sou filho de fé do povo de Aruanda/Nascido e criado pra vencer demanda/Batizado no altar do samba”. Nesta quarta-feira, 15, o espetáculo se repete no Tom Brasil.
Ovacionada, Bethânia abriu a noite, e cantou a recente e mística “Imbelezô/Vento de lá”, além de sucessos da carreira, como “Emoções” e “Reconvexo”. Depois dela entrou o puxador da escola, Ciganerey, que relembrou “A menina dos olhos de Oyá”, o samba do ano passado, em homenagem à cantora baiana, que rendeu o campeonato à Verde-e-Rosa. “Muito obrigada, para sempre, minha Estação Primeira. Axé, Mangueira!”, disse Bethânia após a apresentação.
Seguiram-se o baluarte Tantinho da Mangueira, que interpretou clássicos da escola, “Folhas secas”, “Jequitibá”, “Sei lá, Mangueira”, “Fala Mangueira” e “Exaltação à Mangueira”; Leci Brandão, com “Santas almas benditas” e “Romaria”; Fafá de Belém, “O sol nascerá”, “Vós sois o lírio mimoso” e o samba-enredo de 1975 da Unidos de São Carlos sobre o Círio de Nazaré, tradição de sua cidade, Belém.
Com pouco mais de duas horas de duração, o show teve ainda Rosemary, Sombrinha, Mariene de Castro e Fernanda Abreu. O apogeu foi com Chico, que fugiu da temática religiosa e repisou as suas “O que será”, “Samba do grande amor” e “O meu amor”, esta em dueto com Alcione.
O fim da noite foi catártico, com o público relembrando sambas que marcaram época nos quase 90 anos de Mangueira, como o de 1986, que prestou tributo a Dorival Caymmi, e o de 2002, uma ode ao Nordeste brasileiro.
Fonte: FOLHA
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