Paulo Ohana vai da solidão e dureza da paisagem urbana de São Paulo à esperança de vivenciá-la com leveza em seu mais novo single, “Retrópicos”. A canção dá um último gostinho de “O que aprendi com os homens”, segundo disco do cantor e compositor que será lançado na semana seguinte pelo conceituado selo yb music.
Ouça “Retrópicos”: https://bfan.link/retropicos
Ohana (violão e voz) faz um “ijexá urbano” ao lado dos músicos Ariel Coelho (percussão), Ivan Gomes (baixo e produção musical) e Marina Bastos (flautas) e do coro formado pelas vozes de Alê da Silva, Bruna Lucchesi, Fernanda Guimarães, Graciela Soares, Henrique Cartaxo, Marina Bastos e Rodrigo Mancusi.
“Retrópicos” convida o ouvinte a percorrer uma sequência de cenas e lugares da capital paulista. O artista cita Tom Zé (“São São Paulo”) e Mário de Andrade (“Quando Eu Morrer”) para criar essa atmosfera ao mesmo tempo cinzenta e calorosa – bem como a cidade que a inspirou. A letra surgiu do trajeto de retorno de Paulo Ohana de São Paulo a Campinas.
“Lembro-me de escrever num caderno esse refrão. Ele contém duas citações: uma mais escondida, do Canto VI do Navio Negreiro, do poeta romântico Castro Alves (‘auriverde pendão da minha terra que a brisa do Brasil beija e balança’), e outra, um pouco mais evidente, a ‘São São Paulo’, do Tom Zé. Essa canção é uma colagem. Foi se fazendo ao longo do tempo, como um quebra-cabeça, em que fui encaixando as peças a partir das minhas experiências, esses lugares de São Paulo que eu ia percorrendo, até vir morar na capital, em 2018. Acho que foi quando dei a canção por finalizada”, explica ele.
O título contém tanto um sentido de olhar para o passado, de retrospectiva, quanto uma afirmação de algo solar, re-trópicos, “novamente, trópicos”. Paulo optou por inserir uma parte falada na canção – algo que já tinha feito em “Partido ao Meio”, uma faixa sobre sua Brasília natal presente no EP “Pólis”. Mas em “Retrópicos”, falando de São Paulo, a cidade onde mora, coube um poema de Mário de Andrade, “Quando eu morrer”, onde o narrador praticamente se funde à cidade, cada parte do seu corpo enterrada em um de seus cantos. Foi a conexão perfeita com a colagem, quebra-cabeças e mosaico da composição. “Tomei emprestados os versos do Mário como quem toma emprestada a cidade e deseja vivê-la no que ela tem de melhor”, justifica Paulo.
“O que aprendi com os homens” vem para somar a uma trajetória que já chama atenção. Ohana estreou como artista solo em 2019 com o lançamento do EP “Pólis”. O trabalho veio seis anos depois de seu primeiro álbum, “Outros Ventos” (2013), fruto da parceria musical com Gabriel Preusse, contrabaixista brasiliense radicado nos Estados Unidos.
Formado em Música pela Unicamp, e com uma passagem importante por Campinas, Paulo Ohana foi vocalista da banda Trem Doido, com a qual lançou, em 2018, um álbum inteiramente dedicado a canções de compositores do Clube da Esquina, uma de suas principais influências.
Ohana recebeu o prêmio de melhor intérprete no IV Festival de Música da Rádio Nacional FM de Brasília com a canção “A Estrela e o Homem”, parceria com o compositor e instrumentista Pedro Vasconcellos, em 2012. Mais recentemente, foi o 3º lugar no II Festival da Canção Brasileira do SESI, em 2019, com a composição “Amorfa”, parceria com Lucas Madi, cantor e compositor paulista radicado na França. Agora, Paulo Ohana se prepara para lançar seu segundo trabalho autoral solo, “O que aprendi com os homens”, com produção musical de Ivan Gomes (Cida Moreira, Gustavo Galo, Abacaxepa).
“Retrópicos” é o último gostinho do trabalho antes do seu lançamento. O single está disponível em todos os serviços de streaming de música.
Ouça “Retrópicos”: https://bfan.link/retropicos
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