Quando em “Oração 12” – música que chegou às plataformas de streaming nesse 23 de julho, e abre caminho para o novo trabalho de Luiza Brina, o primeiro EP de sua carreira -, escutamos a voz da artista mineira encontrar a da baiana Josyara, é como um vento forte que vai brisando até o mar. Já quando os violões das duas se roçam, é força de linha férrea que corre de Minas Gerais à Bahia vibrando em acordes quentes. Duas expressões essenciais para o violão brasileiro hoje, as artistas se encontram pela primeira vez na composição de Luiza, e fazem uma verdadeira celebração à canção popular.
Com dedilhar intenso, quase nervoso – vigor típico dos trópicos -, “Oração 12” abre sinalizando uma soltura contrastante à que estamos vivendo agora, confinados. Mas foi no confinamento que Luiza concluiu a canção, e é a travessia dele, aliás, que rege a temática do trabalho que virá no final de agosto.
“Conversando com a minha irmã, ela me contou sobre como Pasolini, diretor italiano que gostamos muito, vinha falando sobre o excesso de holofotes sob os quais vivemos hoje, e como a beleza reside, em geral, no sentido oposto a isso. O vagalume, por exemplo, não pode ser visto na claridade. Não há beleza numa pandemia, claro, mas não podemos negar que estamos tendo uma oportunidade de escurecer as coisas, vê o que não estava exposto em meio a tanta luz” – comenta Luiza.
Assista à animação de “Oração 12”:
A composição se soma à série de orações que Luiza Brina vem lançando desde 2017 em seus álbuns – há três delas em seu segundo álbum, “Tão tá”, do mesmo ano, e ainda uma quarta em “Tenho saudade mas já passou”, disco lançado no final de 2019, e apontado pela APCA como um dos melhores do ano. São músicas que colocam a canção como ponto central, um exercício de reforçar o papel da música na vida da cantora, compositora, arranjadora e produtora musical mineira.
“Comecei a fazer as ‘orações’ após ter crises de pânicos, e não conseguir sair de casa alguns anos atrás. Era uma forma de usar a canção como um suporte pra me mover daquele lugar. Fiz a primeira sozinha, a “Oração 1”. A “Oração 2” eu fiz com a Julia Branco, a “Oração 3” com o Vovô Bebê, todas em 2017, que acabaram registradas no “Tão tá”. Depois segui fazendo elas, e gravei mais uma, a “Oração 11”, que compus com a Brisa Marques, no “Tenho saudade..”.
Agora a “Oração 12” inaugura o processo de lançamento do EP da artista, o primeiro dela, que sempre fez discos, e o primeiro trabalho em que Luiza assina a produção musical.
Oração 12
Luiza Brina- part. Josyara
preciso aprender o silêncio
como uma oração
preciso apagar tantas luzes
e olhar pra escuridão
porque
o silêncio cuida da canção
assim
como um vagalume vem na escuridão
—
ficha técnica
Luiza Brina | voz e violão
Josyara | voz e violão
produção musical | Luiza Brina
mixagem e masterização | Henrique Matheus e Thiago Corrêa no estúdio Frango no Bafo
direção de arte e ilustrações | Sara Lana
direção artística | Julianna Sá
projeto gráfico | Dan Pascoaleto
vídeo e animações | Raquel Pinheiro
comunicação | Dobra – comunicação e outros desdobramentos
Comments
0 comments