Após chamar atenção com o EP “Volte e Pegue”, onde mescla música brasileira e tons eletrônicos para trazer um olhar contemporâneo sobre a ancestralidade, a cantora potiguar CLARA expande o universo visual do trabalho celebrando suas origens no clipe “MESMO”. Este projeto é uma realização da Dale! Produções Culturais com recursos da Lei Aldir Blanc, através da Prefeitura do Natal e Governo Federal.
Este é o segundo clipe do EP, após “Força” (gravado apenas com celular), e vem para solidificar a ascensão de CLARA enquanto um dos nomes a se prestar atenção do cenário de Natal (RN) trazendo não apenas um destaque para a sua criação musical, mas oferecendo um aporte visual e estético. Para isso, não foi preciso ir muito longe.
“A música ‘MESMO’ fala sobre se fortalecer no seu lugar com os seus e o clipe traz isso. As gravações aconteceram no meu bairro, minha casa foi uma uma das locações, aliás umas das principais, a equipe na sua grande maioria de mulheres pretas, e todos profissionais incríveis e amigos de longa data, estávamos ali executando exatamente o que a música canta. Só me misturo com minha laia!”, sintetiza CLARA.
Na sabedoria do povo Akaan da África Central, “Volte e Pegue” é a tradução de sankofa, trecho importante do provérbio ”não é tabu voltar para trás e recuperar o que você perdeu”. E é isso que CLARA faz neste que é seu quinto trabalho de estúdio da carreira, mas sem perder o foco do presente e sobre o que significa ser mulher negra, mãe e periférica no Brasil atual.
Clara Pinheiro é cantora e compositora multi-premiada que se reinventa em seu mais recente trabalho. Desde muito cedo se identifica com as artes, por isso estudou teatro durante dez anos. Aceitando um convite da banda de vanguarda Pangaio, subiu ao palco acompanhada com um grupo pela primeira vez em meados de 2006, passando pela Orquestra Boca Seca.
Em 2010 forma a banda Clara e a Noite para apresentar seu trabalho, mesmo ano que ganha o prêmio de júri popular do Festival de Música do Beco da Lama (MPBeco), saiu em turnê pelo Nordeste e tocou nos mais importantes festivais do Rio Grande do Norte. Em 2014 fez uma turnê pela Europa.
Em 2016 inicia uma pesquisa sobre a obra de Gal Costa e Maria Bethânia, junto com a cantora Simona Talma que resulta no espetáculo Pássaros Proibidos. No mesmo ano, engravida e começa a mergulhar em si para refletir sobre sua negritude e o seu lugar no mundo. Foram três anos de pesquisa buscando se conectar e encontrar o seu lugar na luta por equidade racial e de gênero. Neste percurso, nomes como Nina Simone, Angela Davis, Elza Soares, Martin Luther King, Billie Holiday, Itamar Assumpção, Carolina de Jesus, Jota Mombaça, Os Panteras Negras e tantos outros fizeram parte dos seus dias.
Neste momento de empoderamento, assumiu seu trabalho apenas como CLARA e começou a trabalhar no álbum “Volte e Pegue”, trazendo pro hoje o que carregamos em nossas raízes com o acolhimento das pessoas próximas e da comunidade como porto seguro. O projeto foi realizado com uma campanha de financiamento coletivo com o apoio do Edital de Economia Criativa 2020 do Sebrae/RN. A produção musical foi de Zé Caxangá e Pedras e foi um lançamento do selo Rizomarte Records.
“Pra mim é um novo momento que se inicia, principalmente porque esse trabalho é muito sobre mim, mas também sobre nós, que estamos nas periferias desse Brasil. É um disco que tem imagem, fecho os olhos e posso ver os clipes de todas as músicas. Agora o foco é trabalhar para gravar clipes de outras músicas do EP Volte e Pegue”, conclui.
Assista ao clipe “MESMO”:
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