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CLARA busca a ancestralidade nas suas raízes em “Volte e Pegue”

Na sabedoria do povo Akaan da África Central, “Volte e Pegue” é a tradução de sankofa, trecho importante do provérbio ”não é tabu voltar para trás e recuperar o que você perdeu”. E é isso que CLARA quer fazer em seu quinto trabalho de estúdio da carreira. Unindo música brasileira com tons eletrônicos, ela retrata como é ser mulher negra, mãe e periférica no Brasil de 2020. O EP está disponível em todas as plataformas de música digital via Rizomarte.

“É muito emocionante mergulhar nesse universo. a gravação dessas músicas foi muito intensA, afinal, foram três anos de construção desse álbum. Acredito que ele demorou tanto a sair, porque é um processo poderoso de autoafirmação, mas também muito dolorido. Muitas vezes entrava no estúdio para gravar e só chorava. Só me percebi negra a partir de racismo que passei em momentos da minha vida, e se reconhecer negra é muito poderoso, ao mesmo tempo que dentro de você brota um ranço com a hipocrisia da sociedade e o racismo estrutural”, conta a artista.

A potiguar Clara Pinheiro é cantora e compositora multi-premiada que se reinventa em seu novo trabalho. Desde muito cedo se identifica com as artes, por isso estudou teatro durante dez anos. Aceitando um convite da banda de vanguarda Pangaio, subiu ao palco acompanhada com um grupo pela primeira vez em meados de 2006, passando pela Orquestra Boca Seca, que ainda integra.

Em 2010 toma frente da banda A Noite, mesmo ano que ganha o prêmio de júri popular do Festival de Música do Beco da Lama (MPBeco), saiu em turnê pelo Nordeste e tocou nos mais importantes festivais do Rio Grande do Norte. Em 2014 fez uma turnê pela Europa.

Em 2016 inicia uma pesquisa sobre a obra de Gal Costa e Maria Bethânia, junto com a cantora Simona Talma que resulta no espetáculo Pássaros Proibidos. No mesmo ano, engravida e começa a mergulhar em si refletir sobre sua negritude e o seu lugar no mundo. Foram três anos de pesquisa buscando se conectar e encontrar o seu lugar na luta por equidade racial e de gênero. Neste percurso, nomes como Nina Simone, Angela Devis, Elza Soares, Martin Luther King, Billie Holiday, Itamar Assumpção, Carolina de Jesus, Jota Mombaça, Os Panteras Negras e tantos outros fizeram parte dos seus dias.

Neste momento de empoderamento, assumiu seu trabalho apenas como CLARA e começou a trabalhar no álbum “Volte e Pegue”, trazendo pro hoje o que carregamos em nossas raízes com o acolhimento das pessoas próximas e da comunidade como porto seguro. O projeto foi realizado com uma campanha de financiamento coletivo com o apoio do Edital de Economia Criativa 2020 do Sebrae/RN. A produção musical é de Zé Caxangá e Pedras e este é um lançamento do selo Rizomarte Records.

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