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Billy transforma cenário político brasileiro em ironia ácida e bem-humorada em “Gliter”

Persona do cantor, compositor e ator Vicente Coelho – conhecido por integrar a banda Biltre -, Billy ganha contornos políticos após cantar sobre o desprendimento de uma vida leve (em “Expurgar”) e o calor de um amor de verão (em “Xuxu”). O novo single, “Gliter”, começa com uma antiga marchinha de Carnaval e desemboca no bom e velho “eu te avisei”, um recado aos arrependidos – presentes e futuros – por terem escolhido o atual governo.

“Gliter” é mais uma co-autoria de Vicente Coelho com seu primo e parceiro musical, Marcelo Gehara. Embora estejam separados por muitos quilômetros de distância já há mais de 15 anos, as colaborações se mantiveram constantes e inclusive aparecem nas faixas da banda Biltre. Em “Gliter”, Vicente deu o pontapé inicial à primeira metade da letra, e enviou para que Marcelo finalizasse. O resultado é uma ironia que não abre mão do bom-humor das composições de Billy, mesmo diante do inaceitável.

“‘Gliter’ é uma piada ácida e leve ao mesmo tempo. É na leveza de sua melodia e levada que vamos transformando nosso ódio em paciência, em resiliência e em desejo! O desespero de ver o Brasil afundando num poço de ignorância nos faz refletir sobre como podemos de fato contribuir para mudar, nem que seja uma vírgula da história”, resume.

Para refletir sobre o presente, Billy recorre ao passado. Na letra e na guitarra, Caetano Veloso surge como uma referência. Seja citando os “podres poderes”, seja na levada das cordas. E a faixa abre com a mãe de Vicente, Alessandra Reis, cantando um trecho de uma antiga marchinha de Carnaval, possivelmente datada do pós-guerra, que foi passada ao longo das gerações pela família.

“Claro que é um lance mais caricatural, porque as referências de Caetano estão na letra e em tudo dessa música. Não chega a ser uma melodia original, é mais como diz a primeira letra no Biltre que eu compus: ‘esse som é quase plágio de tudo que a galera da antiga já cantou’. Caetano está contido no violão de João Gilberto, que por sua vez veio de Noel, Cartola, Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga e tantos outros”, encerra Billy.

Vocalista, um dos fundadores do bloco “Minha Luz é de Led”, ator, multiinstrumentista e compositor, Billy une todas as suas referências em uma nova e audaciosa roupagem. Como principal letrista das mais irreverentes faixas de sua banda, ele chega com tudo com a persona que assume num projeto solo ambicioso. E o EP de estreia reflete o cruzamento das experiências que marcaram sua vida.

Filho de um ator que acredita em OVNIs e de uma produtora amante das terapias holísticas, Vicente cresceu em uma comunidade religiosa nada convencional nos arredores de Juiz de Fora (MG). Criado entre o bucolismo do interior, os shows do Kid Abelha e a peça “5 X Comédia”, que sua mãe produzia, Vicente se sentia o próprio “hippie dos anos 90”, que dá nome ao EP. A nostalgia dessa época, que marca a essência de sua personalidade performática-espiritualizada, é o combustível inicial para composições mais íntimas, mas não menos divertidas.

As canções do EP carregam em suas letras a cura para o mal-estar com remédios tão cotidianos quanto cômicos: um banho de sol, uma varrida na casa, um encontro entre amigos que não se vêem há algum tempo ou só uma dança pra acalmar a mente. Nova amostra deste trabalho, “Gliter” chega às plataformas de música e ganha também um clipe.

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