A cantora e compositora Mari Blue, 27 anos, é o retrato da geração nativa digital na música. Ela cresceu com acesso fácil a tecnologias de gravação e divulgação e utiliza tudo o que está ao seu alcance para amplificar seus pensamentos e convicções artísticas. No dia 8 de julho, Mari lança Fruto da Flor, álbum independente, cultivado durante um ano em estúdio e livre de rótulos, característica que marca a moderna música brasileira. Com influências do pop e do rock, o CD abriga um amplo leque de possibilidades sonoras.
Mineira de Belo Horizonte, mas radicada no Rio, Mari é dona do próprio estúdio (o Ouvido em Pé, em Copacabana), onde gravou o próprio álbum, no seu próprio tempo. Compôs sozinha as 12 faixas do disco, tocou todos os teclados e pianos, mas chamou músicos de sua intimidade para compartilhar a criação. Foram eles os guitarristas João Cantiber (seu pai) e Mário Wamser, além de Gastão Villeroy (baixo), Ce
O resultado é um pop classudo, bem tocado, com braços abertos para o rock, o blues e o jazz, enriquecido pelas letras confessionais e repletas de ironia de Mari Blue. A artista não se faz de rogada no blues “Ele é mais sensual que eu” (“Minha unha é no toco / Não sei rebolar / Borroco o batom / Não me pede pra sambar / Eu uso óculos”), e abre o jogo na suingada “O Credo”, que abre o disco (“Eu gosto de liberdade / De ter o meu próprio perdão / Eu não acredito na verdade / Eu não tenho religião (…) Sim, me apetece a convicção/ Fazer da dúvida a conclusão”).
Afinada com as lutas pelo empoderamento feminino, Mari se afirma como autora e realizadora não apenas nas escolhas musicais e nas letras. É dela a direção (e a cenografia e o figurino) do primeiro videoclipe do disco (de “Menino”, ainda em fase de finalização). É ela, também, quem administra suas redes sociais e bolou a estratégia de distribuição das músicas nas plataformas digitais.
Mesmo Federico Puppi, que há quatro anos divide com Mari Blue o projeto “Duo Dois”, de voz e violoncelo, ficou surpreso com o resultado de “Fruto da Flor”. “Ele é direto como uma placa de sinalização: trabalhamos na essência das músicas. Poucos instrumentos, escolhas atenciosas de timbres, arranjos e pessoas envolvidas: íntimos amigos que nunca fazem um passo para trás quando se trata de jogar-se em um novo projeto”, exemplifica.
Fruto da Flor foi lançado de forma independente depois de ter arrecadado R$ 21,6 mil através da mobilização de cerca de 200 fãs via crowdfunding. O álbum está disponível para download gratuito no site www.maribluemusic.com.
Depoimento do produtor:
Mari Blue é uma artista que me surpreende periodicamente. Ela foi uma das primeiras pessoas que conheci quando cheguei no Brasil há 4 anos atrás e, desde então, eu a vi mudar e evoluir constantemente. Quando me propôs produzir esse disco, aceitei com entusiasmo, pois sabia que tínhamos espaço para experimentar, para criar algo sem regras. E assim foi. Ela me mostrou as músicas em formato piano e voz e, daqueles esboços, começamos um processo criativo que, em quase um ano, nos trouxe até aqui, com “Fruto da Flor” na mão, ou melhor, nos fones.
Um álbum “naturalmente metropolitano”. Possui a aspereza e agressividade do asfalto, mas traz também a doçura dos parques com árvores e flores. Ele é direto como uma placa de sinalização: fomos trabalhar na essência das músicas. Poucos instrumentos, escolhas atenciosas de timbres, arranjos e pessoas envolvidas: íntimos amigos que nunca fazem um passo para trás quando se trata de jogar-se em um novo projeto. Como bom italiano, gosto de fazer música como a cozinha mediterrânea: poucos ingredientes num prato, mas esses ingredientes são escolhidos nos mínimos detalhes. Vinho, um forno a lenha e uma mesa grande.
O “ Fruto da Flor” tem toda a personalidade da Mari Blue exposta, sem maquiagem: a delicadeza e a força da sua voz e uma boa dose de ironia. Conheço muito bem a Mari e fico emocionado em ver como ela soube transpor a sua essência nesse disco.
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