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Peneira Musical do Rob Gordon: um deleite para os amantes do blues

Chegamos a mais uma Peneira Musical, onde convidados mostram suas listas de músicas. O nome da vez é o paulistano Rob Gordon. Publicitário por formação, é jornalista por vocação e, segundo ele, escritor por teimosia. Autor dos blogs Championship Vinyl e Championship Chronicles, é também um dos roteiristas da premiada HQ Terapia, passa a maior parte do tempo no Word, normalmente escrevendo ficção – menos no sábado, quando escreve a coluna Sábado de Blues no Medium. Lançou recentemente o conto O Dia em que a Inspiração Apareceu, publicado como e-book na Amazon. E já que é pra falar de blues, vamos falar de blues, com comentários do próprio:

How Blue Can you Get?, B.B. King

Não foi a primeira música de blues que ouvi na vida, mas foi a que fez com que eu me apaixonasse irremediavelmente pelo gênero. Tem uma letra brilhante, com B. B. King comendo o pão que o diabo amassou na mão de uma mulher que não dá valor para nada do que ele faz. E a guitarra consegue ser ainda mais melancólica que a letra.
St. Louis Blues, Bessie Smith

Para mim, Bessie Smith é a maior voz da história do blues. St. Louis Blues é seu cartão de visitas, uma música naturalmente melancólica sobre um amor perdido. Na voz de Bessie, porém, ela transparece uma dor de partir o coração. Nunca houve outra como Bessie.

The Sky is Crying, Elmore James

Um dos guitarristas mais influentes de todos os tempos, Elmore James criou várias obras-primas e ajudou a construir a ponte entre o blues e o rock. Entretanto, de todas suas músicas, a minha preferida é a lenta The Sky is Crying, que ele traça um paralelo entre a chuva que cai na rua e a solidão que sente. Nada é mais blues que isso.

All I Could Do Was Cry, Etta James

Se a tristeza de Bessie é melancólica, a de Etta James é desesperada. Além de cantar o blues, ela viveu o blues, com uma vida pessoal conturbada e repleta de altos e baixos, e sempre gravando obras-primas como All I Could Do Was Cry, minha preferida – e que, para mim, mostra que ela é a maior herdeira de Bessie Smith.
Smokestack Lightning, de Howlin’ Wolf

Com sua voz rouca, Howlin’ Wolf tem inúmeras canções inesquecíveis, mas essa aqui é minha preferida, mesmo que apenas pelo tema. Smokestack Lightning nada mais é que a locomotiva que ele enxerga da fazenda onde trabalha, e que alimenta seu sonho de escapar daquele lugar e ter um futuro um pouco menos sofrido.

Boom Boom, John Lee Hooker

Uma das primeiras músicas de blues que descobri e que fez eu me tornar fã de John Lee Hooker. É o maior sucesso do guitarrista e serve como um ótimo cartão de visitas para seu trabalho, com uma letra praticamente recitada – e não cantada – e repleta de grunhidos e resmungos, numa combinação irresistível.
Blues Before Sunrise, Leroy Carr

Um dos maiores pianistas da história do blues, Leroy Carr é também um dos mais elegantes – mas isso não impede que suas músicas, normalmente ao lado do guitarrista Scrapper Blackwell, seu grande parceiro – tenham grandes doses de violência e sexo. Blues Before Sunrise é seu maior sucesso e se tornou um standard do blues, sendo regravada por todo mundo.

Hoochie Coochie Man, Muddy Waters

Para mim, é quase covardia escolher uma única música de Muddy Waters, um dos blueseiros de que mais gosto de todos os tempos. Na dúvida, vou com um dos seus maiores sucessos – e que se tornou um hino do blues: Hoochie Coochie Man. A letra não poderia ser mais blues, misturando safadeza, poder e vodu, num ritmo irresistível – e com um desempenho irrepreensível de sua banda, que contava com Little Walter, considerado o Jimi Hendrix da guitarra.
Love in Vain, Robert Johnson

Praticamente um sinônimo do blues, Robert Johnson deixou apenas vinte e nove canções gravadas, mas as lendas que giram ao seu redor – e seu talento com a guitarra – mudaram a música do século 20. Acho muito difícil escolher minha preferida, mas Love in Vain, uma das maiores composições da história do blues, é uma forte candidata.

Hard Times Killing Floor, Skip James

Um dos maiores nomes do blues do delta do Mississipi, Skip James impressiona pela sua voz fantasmagórica, com um falsete que apenas ele tem. Isso, junto com seu violão dedilhado e elegante, torna suas canções numa experiência única, como é o caso de Hard Time Killing Floor, que ele canta sobre a Grande Depressão.

Rob também pode ser encontrado em:

Champ Vinyl: http://www.champ-vinyl.blogspot.com. br
Champ Chronicles: http://www.champ-chronicles.blogspot.com
Terapia: http://petisco.org/terapia/
Sábado de Blues: http://www.medium.com/@robgordon_sp
O Dia em que a Inspiração Apareceu: http://www.amazon.com.br/gp/ product/B01AVHZ0K6?*Version*= 1&*entries*=0
Twitter: https://twitter.com/robgordon_ sp

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Editor da Peneira Musical. Carioca, escritor, compositor, produtor cultural, blogueiro, redator e DJ. Adora descobrir bandas que não existem.

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